https://lh5.googleusercontent.com/Gf1ParrPi8J7dIUUnp1-B0r-MItHdevYllLgxESXy0JbDvwC-PqnsbaIyyfwG8-KepNXvsSfahGwNheL-18kkqSBttRZAge8VRORzw7ZHvS1v6TMsmCdLVLyY4Ja-luw1g=w1280

 


INFÂNCIA E ESCOLA EM MOVIMENTO: NARRATIVAS E JOGOS PARA CRIAR ESPAÇOS DE ACOLHIMENTO, PERTENCIMENTO E INCLUSÃO EDUCACIONAL

 

Ana Cláudia Barreto dos Santos[1]

 

Apresentamos neste resumo a contextualização e os problemas de pesquisa e extensão que realizamos em uma escola pública de Montevidéu, desde 2019, pela Faculdade de Psicologia da Universidade da República do Uruguai.

A importância da educação para promover a equidade e facilitar a inclusão social das crianças em contexto de deslocamento é amplamente reconhecida por diferentes organizações internacionais (Paz, 2020; OCDE, 2020; OIM, 2019; ACNUR, 2020). Ao mesmo tempo, há uma variedade de estudos que revelam diferentes formas de discriminação, xenofobia e exclusão social sofridas por crianças migrantes em suas jornadas pelos sistemas educacionais em diferentes partes do mundo (Bruel et al, 2021; Estalayo et al, 2021; Fouquet e Napoli, 2021). Há também literatura que mostra como as opressões se entrelaçam em termos de raça, gênero, classe social e origem diferencial em relação aos migrantes nas instituições educacionais (Pavez-Soto et al, 2021, Lalueza et al, 2019, Parker & Gillborn, 2020, Hooks, 1994).

No Uruguai, atualmente os movimentos migratórios contemporâneos são Sul-Sul, pessoas de países latino-americanos de migração não tradicional para a nossa sociedade: Cuba, República Dominicana, Peru, Venezuela,

Colômbia e Haiti. Os migrantes são racializados e discriminados principalmente por suas características fenotípicas, níveis educacionais e competitividade no mercado de trabalho (Koolhaas, Prieto e Robaina, 2017). Esta população está localizada principalmente no centro da cidade, Ciudad Vieja e Cordón, uma vez que existem pensões, é a área mais acessível para a procura de emprego e a realização de procedimentos para residir no país. Isso significa que as escolas nessa área recebem muitas crianças migrantes, aumentando suas matrículas. No Uruguai, as crianças migrantes representam 1,7% do total de matrículas registradas na educação pública (ANEP, 2020) e podem acessar o sistema educacional em qualquer época do ano letivo.

A inclusão educacional pode ser definida como "o processo de responder à diversidade das necessidades dos alunos através do aumento da participação na aprendizagem, culturas e comunidades, e reduzindo a exclusão dentro e fora da educação" (UNESCO, 2007, p. 6). A legislação nacional inclui essa definição de inclusão educacional e a reforça quando afirma que "para o efetivo cumprimento do direito à educação, as propostas educacionais devem respeitar as diferentes capacidades e características individuais dos alunos, a fim de alcançar o pleno desenvolvimento de suas potencialidades" (Lei nº 18.437, art. 8º).

Na escola investigada, a realidade das crianças migrantes é tão complexa quanto a das crianças uruguaias que, por várias razões, estão alojadas em residências temporárias do MIDES. Isso leva a uma significativa flutuação de sua população ao longo do ano, bem como ao fato de que essa população é atravessada por um conjunto de vulnerabilidades,

tanto específicas quanto estruturais, que condicionam seus processos educativos.

Perante essas situações, considera-se fundamental a construção de respostas multidimensionais de forma participativa que permitam favorecer os processos de acesso e continuidade educacional; por meio do acompanhamento nos  processos de vinculação educacional de meninas e meninos; o desenvolvimento de atividades interculturais, multisseriados e intergeracionais; e um trabalho de formação e acompanhamento dos professores para compreender e intervir adequadamente no novo cenário educacional advindo da situação social, sanitária e econômica nacional.  Considerando as mudanças nas práticas escolares geradas pela Covid-19, e as necessidades percebidas e identificadas na escola, buscamos construir um espaço de pertencimento escolar, que possibilite a ressignificação cultural, a convivência, a recuperação das vozes, a escuta e as aprendizagens.

Entendemos que a diversidade da população mencionada apresenta desafios educacionais e que o problema de desvinculação educacional é fundamental nesta proposta, bem como a promoção e proteção dos direitos das crianças. Nesse sentido, o projeto pode ser entendido em termos gerais como uma resposta concreta a um problema social. Concretamente, o trabalho que a equipe de investigação tem realizado nos anos anteriores, permite identificar a mobilidade da população atendida e as situações de precariedade da vida de muitas meninas e meninos em situações que requerem intervenções urgentes.

Palavras-chave: infância, migração, educação. 

 



Referências

Administración Nacional de Educación Pública. (2020). En clave educativa. Boletín de la ANEP, 2 (Agosto 2021). 

Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Refugiados. (2020).   Tendencias globales del desplazamiento forzado en 2020. https://www.acnur.org/60cbddfd4 

Bruel, A., Rigoni, I., & Armagnague, M. (2021). Migrações internacionais e o direito à educação: Desafios para o enfrentamento de desigualdades pelas políticas dos sistemas de ensino. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 29(66), 1-10. https://doi.org/10.14507/epaa.29.6795 

Estalayo, P., Miño-Puigcercós, R., Malinverni, P., & Rivera-Vargas, P. (2021). El reto de la inclusión social, más allá de la escuela: Tensiones y carencias de las políticas de integración de niñas y niños migrantes en España. Archivos Analíticos de Políticas Educativas, 29(67), 1-24. https://doi.org/10.14507/epaa.29.6258 

Fouquet-Chauprade, B., & Napoli, J. (2021). Implementation of educational policies for migrants: A case study in the Swiss canton of Geneva. Education Policy Analysis Archives, 29(69), 1-23. https://doi.org/10.14507/epaa.29.5726 

Esteban-Guitart, M. (2012) La psicogeografía cultural del desarrollo. Boletín de la Asociación de Geógrafos Españoles. 59, 105-128. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3938157 

Esteban-Guitart, M. (2013) Fortaleciendo el entendimiento mutuo. Procedimiento y fundamentos de la adaptación realizada del programa educativo “Fondos de conocimiento” En Esteban, M.,Vila, I. (Coord). Experiencias en educación inclusiva:vinculación familia, escuela y comunidad. (p.p. 39-64) Editorial Horsori. 

INEEd (2020). Estudio de salud ocupacional docente. INEEd. https://www.ineed.edu.uy/nuestro-trabajo/estudio-de-salud-ocupacional-docente.html 

Hooks, b. (1994). Enseñar a transgredir. La educación como práctica de la libertad. Routledge. 

International Organization for Migration (2019) Glossary on Migration. International Migration Law Nr. 34.

https://publications.iom.int/system/files/pdf/iml_34_glossary.pdf 

Koolhaas, M., Prieto, V., Robaina, S. (2017). Caracterización de las nuevas corrientes migratorias en Uruguay. Nuevos orígenes latinoamericanos: estudio de caso de las personas peruanas y dominicanas. 

Lalueza, J., Zhang-Yu, C., García-Díaz, S., Camps-Orfila, S., & García-Romero, D. (2019). Los Fondos de Identidad y el tercer espacio. Una estrategia de legitimación cultural y diálogo para la escuela intercultural. Estudios Pedagógicos, 45(1), 61-81. https://doi.org/10.4067/S0718-07052019000100061

Ley 18.437 de 2008. Ley General de Educación. 12 de diciembre de 2008. D.O. No. 334/009 / 294/013. https://www.impo.com.uy/bases/leyes/18437-2008 

Parker, L. & Gillborn, D. (2020) Critical Race Theory in Education. Routledge.

Paz, J. (2020). Vulnerabilidad multidimensional de niñas, niños y adolescentes en Argentina ante la pandemia. En Lustig, N. &  Tommasi, M. (2020). El COVID-19 y la protección social de los grupos pobres y vulnerables en América Latina. Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo. https://www.latinamerica.undp.org/content/rblac/es/home/blog/2020/vulnerabilidad-multidimensional de-ninas--ninos-y-adolescentes-e.html 

UNESCO (2007). Issues and challenges on inclusive education from an inter-regional perspective. Ginebra: mimeo


 



[1] Doutoranda em educação pelo PIDE – Programa Interuniversitario de Doctorado em Educación. UNTRF, UNLA, UNSAM. Docente e membro da Unidad de Investigación da UDE – Universidad de la Empresa. Docente G2 contratada Facultad de Psicología de la Univerdad de la República del Uruguay.

Email: anaclaudia.barreto03mail.com