Mestranda em Educação,
Universidad de la Empresa. Especialista em tradução/interpretação em Libras,
licenciada em Educação do Campo,
ORCID: 0000-0001-8649-4942, [email protected]
A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é uma língua jovem e por isso, pode-se dizer que está em processo de construção, foi instituída pela Lei 10.436/2002. A partir de então, passou a ser reconhecida como língua materna da comunidade surda. Em 2005 foi publicado o Decreto 5626/2005 que regulamenta a Lei de Libras e trata da inclusão da Libras como disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura. Como a Libras é uma disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores, pressupõe-se que todos os professores sejam fluentes na língua, porém, essa não é a realidade brasileira, na qual embora haja a exigência da disciplina de Libras nos cursos de formação de professores, notadamente a disciplina é tratada como uma cadeira “menos importante”, com carga horária menor o que não possibilita a aquisição da língua propriamente dita. Outro fator a ser considerado para a realização deste projeto diz respeito a Lei 14191/2021 que alterou a LDB incluindo o Capítulo V, o qual trata sobre a educação bilíngue de surdos, inclusive em escolas e classes regulares. Mas como se dará essa educação bilíngue considerando o baixo quantitativo de professores que dominam a língua? Principalmente em cidades do interior. Conforme Westin (2019, recurso digital) em notícia publicada no site do Senado Federal, o grande obstáculo é a escassez de ouvintes que se comuniquem na língua de sinais. Dentro deste cenário, o projeto Falando com as mãos, ofertou formação básica em Libras para professores da rede municipal de Dom Pedrito -RS, numa ação articulada entre o Grupo de Pesquisa em Inclusão e Diversidade na Educação Básica e Ensino Superior (INCLUSIVE) da Unipampa e a Secretaria Municipal de Educação de Dom Pedrito -RS. O projeto foi embasado nas obras de Sassaki (2009) discutindo a quebra de barreiras, Gesser (2009) e Skliar (2012, 2015) para pensarmos a educação bilíngue e Perlin e Stumpf (org.2018) e Strobel (2008) que abordam os conceitos da surdez pela perspectiva da cultura e identidade surda. O projeto foi enquadrado como pesquisa-ação, tendo em vista seu caráter intervencionista, ou ainda segundo Gil (2019) por conduzir a ação social, foi pensado para ser desenvolvido entre 2022 e 2023. O objetivo central do projeto consiste em proporcionar formação básica para professores da rede municipal em Libras através da conversação e contato com a Libras, sob a perspectiva da inclusão dos estudantes surdos que necessitarem da utilização da língua, visando não apenas atender a legislação, mas principalmente disponibilizar formação para os professores da rede.
Palavras chave: libras, surdo, educação bilíngue, inclusão.